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Filme - O bom gigante amigo

- Seja vem binda, vossa majestilde!, diria o gigante com sua fala engraçada.
Do mesmo diretor de E.T. e do mesmo autor de A Fantástica Fábrica de Chocolate, vale a pena conferir o mais novo filme da Disney, em parceria com outros três estúdios: O bom gigante amigo (2016) é uma história sensível de um gigante que se mostrava pequeno diante de seus medos e de uma garotinha orfã que se fazia grande por meio de sua valentia. Eis uma oportunidade para repensar a beleza da bondade e gentileza em tempos difíceis; e também rir, por exemplo, da fala engraçada do gigante e de suas desventuras hilárias no Palácio de Buckingham.


O Bom Gigante Amigo (no original, BFG – Big Friendly Giant) é uma adaptação cinematográfica do livro infantil homônimo do autor inglês Roald Dahl, um ícone da literatura de fantasia e infantil, tendo cedido material para produções como A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971 e 2005), Convenção das Bruxas (1990), James e o Pêssego Gigante (1996), Matilda (1996) e o Fantástico Sr. Raposo (2009). O livro foi ilustrado por Quentin Blake e se tratava da expansão de um conto escrito por Roald Dahl e publicado em Danny, the Champion of the World (1975). Dedicou a obra a sua filha Olivia, que morreu aos 7 anos por causa de encefalite. Em 2009, 37 milhões de cópias do romance haviam sido vendidas só na Inglaterra.

Uma animação baseada na história já havia sido produzida para a TV em 1989. A direção ficou com Brian Cosgrove e o roteiro, John Hambley. O autor aplaudiu a adaptação e, segundo Cosgrove, isso foi um grande alívio - pois ele certamente diria caso não gostasse, como aconteceu com a versão de 1971 d'A Fantástica Fábrica de Chocolate.
A menina e o gigante também foram levados para os palcos do teatro.


No filme, uma amizade improvável começa quando um gigante de mais de 7 metros rapta a pequena Sophie (Ruby Barnhill), tirando-a de seu orfanato em Londres e levando-a para sua terra natal secreta. O amável BGA (esse é o apelido que ganha da garota), o Bom Gigante Amigo, não come carne humana e sim come as gosmentas chuchubobrinha (no inglês, "snozzcumbers": snozz=meleca e cucumber= “pepino”) e bebe o refrigerante brosbulhante que faz prum prum (no inglês, "frobscottle"); além disso, seu ofício também não envolve atacar cidades, mas caçar e distribuir sonhos para as pessoas enquanto elas dormem. Porém, nem só de amigáveis criaturas fantásticas é povoada esta terra exótica: os monstruosos Comecarnecrua, Esmagamão e outros tentarão não só devorar Sophie, como continuam a atormentar BGA, o mais baixo dos gigantes. Para prevenir que esses gigantes se tornem uma ameaça para a humanidade, vão ter que contar com a ajuda da Rainha da Inglaterra, do Exército e até da Força Aérea.


Vale a pena assistir?

Sim, sem dúvida, e seu elenco e efeitos visuais fantásticos são apenas parte da razão.
O site G1 afirma que o filme "tem ritmo irregular, narrativa enfadonha e longa duração injustificável", mas vou explicar tudo isso de uma forma bem simples. Primeiro, sobre a duração: sentados na fileira atrás da minha no cinema, estava uma família com várias crianças energéticas e todas, na segunda metade do filme, começaram a perguntar se "já estava acabando". Se você não está com paciência e apenas quer entreter os pequenos com algo simples no final das férias, procure talvez Procurando Dory ou A era do gelo. (Eu também assisti Procurando Dory e não estou criticando. Apenas reforço: se você não quer rir, sentir e pensar nas coisas, talvez devesse entrar em outra sessão de cinema.) Cabe destacar que as mesmas crianças de meu relato começaram a gargalhar e a se emocionar com as cenas do filme apenas alguns minutos depois.

Segundo, sobre a narrativa e o ritmo: o filme perpassa diversos momentos da vida da dupla, cada qual com seus desenvolvimentos e pequenos climaxes, mostrando: a chegada de Sophie na "bat-caverna" de BGA, o relacionamento ríspido entre ele e os outros gigantes (sim, ele sofria bullying!), a descoberta de sua profissão como caçador de sonhos, a visita à rainha da Inglaterra e o embate contra os gigantes. E tudo está, obviamente, entrelaçado numa teia riquíssima que vai além da mera causa-efeito. Todas as cenas trazem detalhes que serão importantes mais tarde, seja para a construção das personagens ou para o desenrolar da narrativa. Se não soubéssemos sobre a essência dos sonhos, como explicar a forma fantástica em que convencem a rainha a ajudá-los?

O filme faz rir e faz chorar. Ele revive a sensibilidade do telespectador desgastada pela crueldade e pelo automatismo do cotidiano, tudo para te lembrar que a amizade vem em diversas formas e tamanhos - basta abrir seu coração. Te inspira a ser, como BGA, um caçador de sonhos e, mais, alguém capaz de moldar seu sonhos e torná-los realidade.

Dahl não era ingênuo. Já em A Fantástica Fábrica de Chocolate sabia jogar com nossos medos, e, em The BFG, amedrontou uma geração de crianças inglesas com sua descrição de gigantes canibais deformados. Spielberg, entretanto, pinta aqui aqueles medos dos anos 80 (da guerra, da recessão, da violência) com cores mais contundentes do que um filme de criança poderia esperar.

Cabe salientar que, como afirma o site Omelete, embora o livro de 1982 não se passe numa época específica, o filme localiza a trama nos anos Reagan. Ronald Regan foi o presidente dos Estados Unidos durante os anos de 1981 a 1989 e tornou-se sinônimo de conservadorismo e nacionalismo para os americanos.


E qual era o livro que Sophie estava lendo?

O escritor Roald Dahl é um fã de Charles Dickens, e não é a toa que o romance que Sophie e BGA lêem é Nicholas Nickleby.

Nicholas Nickleby é um romance escrito pelo autor inglês Charles Dickens no período de 1838 a 1839. Dickens, também jornalista, chegou a visitar locais de ensino para poder retratar fielmente a vida difícil dos órfãos. O romance retrata os percalços de um jovem britânico, Nicholas Nickleby, depois da morte do pai. Sem emprego ou dinheiro, ele se vê responsável pela família composta por sua mãe e irmã. O tio rico Ralph Nickleby, ao invés de ajudar, faz com que Nicholas se separe de sua família e passe por situações muito dolorosas. O jovem, porém, digno e sensível, direciona seus esforços para ajudar a sua família e seus amigos.
O livro revela a verdade cruel por trás dos internatos de Yorkshire naquela época e levanta a seguinte questão: o que é ser um cavalheiro? Um homem é definido por suas ações ou por sua linhagem, dinheiro e status?


By Geisy N.

Comentários

  1. A história é maravilhosa. Esse é um grande filme, li tambem o livro é maravilhoso, eu recomendo outro filme baseado em um livro, 7 Minutos Depois da Meia Noite é umo dos melhores filmes sobre livros, já queria assistir e agora é um dos meus preferidos. Li o livro em que esta baseada faz alguns anos e foi uma das melhores leituras até hoje, e sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.

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