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Exposição - Conceição Evaristo

De empregada doméstica à educadora mineira, escritora vencedora do prêmio Jabuti e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Conceição Evaristo é considerada um dos nomes mais relevantes e necessários da literatura brasileira contemporânea. Entre 4 de maio e 18 de junho, a artista é homenageada na 34ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural em São Paulo – que, em 2017, foca a produção de mulheres representativas da arte e da cultura nacionais  – e ganha uma exposição e uma página no site oficial do Itaú Cultural com uma série de informações e materiais exclusivos.

Confira a lista de vídeos do Itaú Cultural sobre a Ocupação aqui.

Nascida em 29 de novembro de 1946 (70 anos), Conceição explora em seus textos sobretudo o universo da mulher negra, criticando o preconceito nascido das diferenças sociais, de gênero e de cor de pele entre os brasileiros. Com base no que chama de “escrevivência” – ou a escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo –, ela compõe romances, contos e poemas nos quais as personagens afrodescendentes não são retratadas de maneira superficial e caricata, situação bastante comum na produção literária do país, mas sim carregam e propagam os sentimentos, as dores, as alegrias, os gritos e os sussurros de uma multidão de vozes silenciadas.

“A literatura brasileira canônica torna as mulheres negras infecundas. Estou falando de personagens principais como Rita Baiana, Bertoleza [de O cortiço], Gabriela [de Grabriela, cravo e canela] (...) Será que com essa falta de imaginário a sociedade brasileira não estaria negando a presença de mulheres africanas, das culturas africanas na formação da nação? Isso tem sido uma pergunta para mim.”, diz em uma reportagem à Revista Cult.

Critica, dessa forma, a ausência dos negros na literatura, nos eventos literários e nas editoras. Na Festa Literária Internacional de Paraty de 2016 (Flip), a escritora inclusive confrontou o curador, Paulo Werneck, sobre a falta de negros na programação principal, de acordo com o jornal O Globo (1 e 2).

Conceição Evaristo encara seu ofício como, inevitavelmente, um ato político, para dar voz aos excluídos. Afirma: “A minha história pessoal e a história da minha coletividade são marcadas por interdições. E a escrita me liberta, me coloca num espaço em que eu normalmente não estaria, que não é comum às mulheres negras”.


É autora de Ponciá Vivêncio (2003), Becos de memória (2006), Poemas de recordação e outros movimentos (2008), Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), dentre outros. Segundo Marisa Lajolo, ao comentar nas redes sociais sobre o livro premiado Olhos d'água (2014), "olhos d’ água é também como às vezes ficam os olhos dos leitores das quinze belíssimas histórias que a escritora mineira reúne neste livro. Leitores ganham olhos d'água e alma leve pela beleza das histórias que – apesar do que narram – tecem a esperança." E, ao falar da perspectiva em que as histórias são narradas, acrescenta: "E o leitor não larga a leitura, embora às vezes possa alongar o olhar do livro, para suas próprias lembranças. Mas com certeza volta ao livro."

By Geisy N.

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